Caraças Pá!

Vencer o concurso da Eurovisão, estava para mim mais distante do que eventualmente conseguirmos pôr um astronauta Tuga em Marte! Ganhar o festival da canção foi algo, que enquanto criança, me convenci que aconteceria em 1989, com a música dos Da Vinci  “conquistador”!

Acreditei piamente que venceríamos com aquela canção! Foi talvez a primeira bofetada de realidade que me lembro de ter sofrido. O Festival da Eurovisão era quase como um ritual de masoquismo que os Portugueses se impunham a si próprios. Era o momento em que percebíamos o quão pequenos éramos no contexto Europeu.

Assistíamos ao programa televisivo na esperança de que os Espanhóis, quase por piedade paternalista, nos ofeceressem uns míseros pontos. E assim foi durante décadas, com raras exceções, em que conseguimos meia dúzia de posições honrosas.

E eis, que em 2017, quando os Portugueses há muito não se sujeitavam a esse ritual, muito por culpa do sistema atual, que nem das meias finais nos deixava passar, vencemos o Festival! Vencemos o Euro Festival da Canção! Impensável! Ainda para mais com uma canção cantada em Português, simples, linda!

O Salvador Sobral e o seu feito, condensam toda a mensagem que o Sonhadorismo nos últimos anos tem vindo a passar.

Vencemos o EuroFestival da Canção porque o Salvador não teve medo de assumir a sua esquisitice!

Não teve medo de se conectar com a sua paixão, o Jazz, e assumi-lo sem medos, abandonando aquilo que na altura considerava ser a sua paixão, a psicologia do desporto e rumar a Barcelona.

Aceitou a incerteza e vulnerabilidade de se apresentar num concurso de fogo de artifício com um espectáculo de velas.

Aceitou ser ele próprio confiando na sua intuição para trazer o caneco para casa!

O Salvador é dos que quer mesmo!!

Ganda Salvador!

 

Artigo da Autoria de Rui Loureiro – Mentor do Projeto Sonhadorismo