Uma das coisas mais marcantes nos últimos anos, desde que fui Pai talvez, é o facto de se tornar evidente o impacto que certas coisas absorvidas inconscientemente dos meus Pais e avós permanecerem comigo até hoje, como um legado inscrito no meu ADN. Isso faz-me acreditar que aquilo que mais marcará os meus filhos, não será porventura o que lhes digo, mas o que faço, a maior parte das vezes sem pensar.

Do meu Pai e do meu avô materno ficou-me o gosto de ouvir rádio. Nunca me disseram para ouvir rádio. Nunca me obrigaram a ouvir rádio. Não me lembro de alguma vez ter ficado de castigo por não ouvir rádio.

Olho para trás e reconheço a importância  da escuta diária, ainda na cama, das notícias da manhã enquanto o meu Pai  fazia a barba, ou do programa desportivo da Rádio Renascença, A Bola Branca, que o meu avô ouvia religiosamente todas as noites no quarto paredes meias com o meu.

Hoje, a primeira coisa que faço chegado à cozinha para preparar pequenos almoços e lancheiras, é ligar a rádio na Antena 1.

Foi numa dessas manhãs rotineiras, que ouvi o João Gobern no seu programa diário de 5 minutos, Zona Vip, apresentar o cantor Gil Scott-Heron e a canção “The Revoluton Won´t be Televised”.

Nesta canção, ou melhor, neste poema cantado, este cantor Afro Americano convoca-nos para a ideia de que aquilo que poderá fazer a diferença e ajudar-nos a encontrar uma mudança para o estado atual do (nosso) mundo, não nos será apresentado nos canais que nos entram pela casa ou mente adentro.

Nada com o poder de provocar a mudança poderá ser capturado em filme, diz Gil Scott-Heron !

A mudança a acontecer, acontecerá na mente de cada um, no momento em que algo despertar em nós o sentimento de inadaptação sobre que vemos à nossa volta, e partirmos em busca do que fará sentido para cada um de nós.

Está na hora de partirmos nessa busca…..

#KeepDreaming

Texto da Autoria de Rui Loureiro, Mentor do Projeto Sonhadorismo