1. Quem é a Diana Vieira?

R: Uma pessoa de pessoas. Sou fascinada pela infindável capacidade e complexidade do ser Humano – sou uma aspirante a professora. Uma apaixonada pela Vida e pela Terra – sou bióloga e um pouquinho geóloga. Uma eterna sonhadora. Uma inocente que se fascina e vê sempre esperança na eterna novidade do Mundo. De opiniões fortes. Adepta do tudo ou nada.

2.Quais as Tuas Paixões?

R: Pessoas. Natureza. Ensinar. Dar. Partilhar. Conhecer.

3. És licenciada em Biologia mas resististe à “tentação” ou “obrigação” de acabado o teu curso, seguires para Mestrado ou começares imediatamente a trabalhar nessa área. Porquê?

R: Quando terminei a licenciatura questionei-me sobre o que tinha feito, nos últimos 22 anos, sozinha e por opção minha (ou seja, sem os meus pais ou a sociedade mo impor). Percebi que nada. Tinha-me restringido a seguir o rumo dito “natural” da sociedade: 
acabar o secundário, seguir licenciatura (ou trabalhar), fazer mestrado, casar, ter uma casa e filhos (só até à parte da licenciatura!).. Mesmo adorando estudar, senti que não estava preenchida com o que tinha aprendido – a nível pessoal e escolar. Faltava-me algo.
Faltava ver o Mundo e aprender novas formas de o vivenciar. E faltava-me (muito) saber quem era eu nesse Mundo, qual o meu papel e a minha missão. E tinha algo: o sonho de ser professora e de ajudar os outros. Sonhos estes que estavam “fechados no baú”, até então, porque me tinham convencido que ser professora era sinónimo de desemprego e ajudar os outros era só matéria para argumento de filmes com a Angelina Jolie e para gente rica, sem nada para fazer. Teimosa e persistente, de gema, decidi ir ver se era realmente assim e desafiar o tal rumo.

4. Conta-nos um pouco sobre o que te motivou a partires para África e abraçares um projeto de Voluntariado.

R: Desde que me conheço que sempre fui muito atenta aos outros. Cresceu sempre comigo uma ânsia enorme de ir ajudar quem não tinha tanta sorte como eu. Lembro-me de ver uma reportagem sobre crianças, que eram vendidas pela família a pescadores, e viviam escravizadas, no Gana. Talvez aí tenha crescido a minha paixão por África.
O voluntariado – no sentido do dar e da partilha é a minha forma de estar na vida. Para mim, só faz sentido existir, se puder partilhar a minha existência e sabedoria com outros que dela e com ela possam aprender e ser melhores. Achei que não havia melhor forma de saber qual seria o meu rumo do que fazer voluntariado (e estava certa!).

5. O que mudou na tua vida depois dessa experiência no Quénia?

R: Mudou quase tudo. A capacidade de relativizar – depois de ter visto famílias de 7 a viverem em casas mais pequenas do que o galinheiro das galinhas da minha mãe, de viver com crianças portadoras de HIV que passavam fome em casa e eram discriminadas na escola devido à doença, de ver e ouvir crianças a serem espancadas porque não aprendiam tão rápido como os outros, de saber de miúdas que se deixavam ser violadas por homens em troca de comida e pensos higiénicos, etc etc etc – sei que nenhum dos meus problemas é sequer um problema, que sou uma privilegiada pela vida, família e amigos que tenho. 
O poder da nossa mente e de estar sozinha – aprendi que a nossa mente tem uma força incrível e que temos a capacidade de responder a situações que nunca imaginaríamos ser capazes, hoje sei que os momentos que nos mostram mais sobre nós e constroem o nosso Eu são aqueles em que experienciamos o Mundo e os nossos medos sozinhos. 
Tenho a certeza que é possível fazer o que gosto, mesmo sendo apelidada de “maluca” – no Quénia tive a certeza que uma das coisas que mais gosto de fazer é ensinar. Isso fez-me ingressar no Mestrado de Ensino em Biologia e Geologia e valorizar a oportunidade de aprender. Deu-me também a oportunidade de partilhar com os outros, hoje em dia, este meu percurso até aqui, no Sonhadorismo. Sem ir à procura disso, esta experiência trouxe-me as pessoas mais importantes, neste momento, a nível profissional e pessoal, que me permitem ser muito feliz no que faço. 
A força de acreditar nas minhas paixões – hoje tenho a certeza que vou ser professora, um dia. Se não for em Portugal, há uns tantos milhões de crianças por esses Mundo fora à espera de aprenderem a ler e a escrever. Sei, também, que sou capaz de tudo a que me propuser fazer, porque não há força maior do que estar embrenhado nas coisas que nos apaixonam.

6. O que dirias a alguém que deseja “arriscar” conectando-se com as suas paixões e empreender algo, mas que sistematicamente o adia por receio do que acontecerá?

R: As pessoas que arriscam a fazer algo novo – para elas, e inovador – para a Sociedade, têm 99% de medo e vontade (os dois juntos) e 1% de certeza. Aquilo que lhes permite avançar é arrumar os 99% de medo numa caixa e não a abrir, durante algum tempo. Ninguém está preparado, NUNCA, para enfrentar os seus medos, as suas dúvidas e a incerteza. Disseram-me um dia que o nosso cérebro quase sempre apaga as experiências negativas de qualquer “aventura”, seja ela o que for. E é mesmo verdade! Só é capaz quem lá foi e tentou. Dar espaço às paixões é algo que nos envolve de tal forma, que quando damos por nós passaram 3 meses e fomos felizes. E no fim de tudo, é isso que todos buscamos. Bom, não sou muito boa a dar conselhos, mas arrisquem, é isso!

7. Até ao momento qual a pessoa mais inspiradora que tiveste a oportunidade de conhecer?

R: Marta Baeta 
Tenho tido a sorte de conhecer muitas pessoas verdadeiramente inspiradoras, mas a Marta tem uma capacidade que ainda não encontrei em quase ninguém.

 

8. Qual o Teu maior motivo de orgulho?

R: Não desistir das minhas paixões e manter-me fiel a elas e aos meus princípios, mesmo quando tudo e todos à minha volta não parecem estar em sintonia comigo.

9. Se pudesses gritar alguma coisa para o mundo seria?…….

R: Todos vocês têm a capacidade de tornar o Mundo um pouco melhor do que o encontraram. Façam-no, por favor!

 

10. Qual o próximo sonho da Diana?

R: Tenho muitos. Os que estão mais próximos – ser professora e contribuir para a melhoria do estado da educação em Portugal e fazer outro voluntariado algures no Mundo. A longo prazo, ter um projeto onde possa ajudar a mudar vidas de crianças em risco ,através da Educação.