À semelhança de qualquer outra pessoa, eu sempre tive os meus heróis, ídolos e exemplos.

Se durante a infância esse imaginário estava ligado a super heróis e personagens de histórias contadas, desde a minha adolescência que me lembro de ter como referência pessoas reais, que vivem as suas vidas fazendo o que realmente gostam. Numa altura da minha vida em que o meu focus era viajar, conhecer novas culturas, ganhando mundo e conhecimento, um dos meus heróis era o Gonçalo Cadilhe.

No início dos anos 2000, viver-se apenas das viagens e daquilo que se conseguisse produzir delas, era ainda muito difícil ou mesmo estranho. Mas o Gonçalo já o fazia! A cada crónica ou  livro lidos, aumentava este fascínio e vontade de conhecer o Gonçalo! No fundo o que eu gostava mesmo, era ser amigo dele!

Acontece que o Gonçalo é da Figueira da Foz. Ora sendo eu de Coimbra e passando a maior parte do meu tempo na Figueira, as possibilidades de conhecer o Gonçalo quer espontaneamente , quer através de amigos comuns, eram enormes. Várias vezes partilhámos surfadas juntos ou estivemos em rodas de amigos comuns. Fiel á timidez que me carateriza, resisti sempre á tentação de uma abordagem fácil, na esperança / certeza de que partilhando a mesma cidade, vários amigos e o gosto pelo surf, essa situação naturalmente surgiria.  Afinal eu também viajava, tinha passado quase dois anos na Austrália, visitando países como as Filipinas, Nova Zelândia, Ilhas Cook, Brunei, Indonésia, já tinha estado no Hawaii, na Califórnia, em Cabo Verde, no México….tinha por isso a certeza de que teríamos algo interessante e comum para partilhar.

Estava no entanto longe de imaginar que aquilo que nos faria conectar, fosse a visita de um casal  Hawaiano que tinha conhecido nas Filipinas, e que por obra do destino, tinha conhecido o Gonçalo, na Àfrica do Sul, uns anos antes. E foi assim, numa manhã solarenga de Novembro, sem que nada o fizesse prever, que o Gonçalo ao preparar-se para uma surfada em Buarcos, olhou para o lado e reconheceu os seus amigos da África do Sul, estupefacto por voltar a encontrá-los na sua terra natal, na companhia de alguém que ele reconhecia como familiar.

A partir daí eu e o Gonçalo, sempre que nos encontramos sorrimos e perdemos algum tempo a saber um do outro e daquilo que nos entusiasma.

Este episódio ilustra a forma me comporto sempre que quero muito que algo aconteça na minha vida pessoal ou profissionalmente. Conscientemente procuro sempre resistir á abordagem mais fácil de conseguir algo, esperando serena e naturalmente que a vida se encarregue de a trazer até mim. Canalizo isso sim, muita da minha energia para que isso venha a acontecer, esforçando-me por me manter atento e merecedor de que isso aconteça.

Por isso se me perguntarem qual a principal atitude que devemos adoptar para conquistarmos algo que muito desejamos desejamos eu digo… “Não Forces”!

Texto da Autoria de Rui Loureiro Mentor do Projeto Sonhadorismo.