Tenho acompanhado esta nova tendência de pensar a escola do século XXI e o que se quer para o futuro da nossa educação. Tenho sido inclusive convidado a participar em algumas dessas iniciativas e sinceramente, fico sempre com a sensação de que estamos a “atirar ao lado”….. Na sua génese a intenção é nobre, mas o conteúdo e a forma como se discute, parece levar-nos a pouco mais do que lugares comuns e becos sem saída. Essencialmente, porque estamos demasiado concentrados na forma de ensinar, nas didáticas, nos materiais, nos modelos … e muito pouco interessados nos alunos e sobretudo nos professores!

Rutger Bregman, autor do livro Utopia para Realistas, acerca da educação diz : “Se fizéssemos uma lista de profissões mais influentes, professor seria provavelmente uma das primeiras. Isso não acontece porque os professores acumulam recompensas como dinheiro, poder ou estatuto, mas porque o ensino molda algo muito maior: o curso da História humana. O professor não se limita a preparar as crianças para o futuro, tem nesse processo uma influência direta em moldar o futuro delas. “

 

A educação não deverá ser nunca entendida como um lubrificante que nos ajuda a deslizar pela vida com menor esforço”

Ou seja, antes demais, o Professor devia ser o centro da atenção, porque cabe-lhe a ele segundo Bregman, mais do que preparar as crianças para o futuro, moldar-lhes o futuro!

À escola não deve estar reservado o papel de adaptador das crianças ás tendências do futuro, mas sim criar as novas tendências! Se unanimemente consideramos que a forma como hoje o mercado de trabalho trata os trabalhadores, não é a mais correcta, porque devemos preparar as nossas crianças para essas realidade? Cabe-nos a nós Professores, criar uma nova realidade.

O foco não deverá ser na “capacidade de resolver problemas”, mas sim nos problems que precisam de ser resolvidos. A educação não deverá ser nunca entendida como um lubrificante que nos ajuda a deslizar pela vida com menor esforço”, defende Bregman.

O mesmo autor defende ainda que, invariavelmente tudo gira em torno da questão : que saber e competências precisam os alunos de hoje para serem contratados no mercado de trabalho de amanhã? Mas essa é a pergunta errada! Devíamos pelo contrário formular uma pergunta diferente : que conhecimentos e competências queremos que os nossos alunos tenham no futuro? Ora, em vez de de antecipar e adaptar , estaríamos a concentrar-nos em orientar e criar.

Ou seja, em vez de nos perguntarmos de que precisamos para ganhar a vida num qualquer emprego de treta , devemos refletir sobre como queremos VIVER a nossa a vida.

Texto da Autoria de Rui Loureiro Mentor do Projeto Sonhadorismo