A semana passada ficou marcada por um dos acontecimentos mais trágicos de que Portugal tem memória.

Inconformada e sonhadora de gema, deixei-me guiar por uma das minhas maiores paixões – a de servir o outro – e rumei a Castanheira de Pêra. Neste meu percurso de Sonhadorismo, tenho conhecido exemplos apaixonantes de pessoas que se expuseram à vulnerabilidade das suas Paixões, as trabalharam e acabaram a viver delas e para elas. Mas nada me faria prever os Dreamers que encontraria por estas aldeias fora.

Num interior esquecido, numa população maioritariamente envelhecida, que espaço há para as Paixões?
E agora, num interior esquecido e com a sua beleza selvagem confinada a cinzas e negro, numa população que está “mais perto da morte do que da vida” e onde a tragédia envelheceu também a Alma, há espaço para Sonhar?

Adianto-me na resposta: há! Da sabedoria dos seus quase 90 anos dizia-nos a Dª. Maria que só queria ir à vila comprar milho para plantar para ver a terra verde o mais rápido possível. Dizia-nos outra que queria pintainhos para dar de comer às suas galinhas de novo, no futuro. Concluíam, ainda, que não há nada mais sábio do que o Tempo – para curar as feridas – e a Natureza – que é um ciclo que repõe tudo o que se perde.

Não há Sonhos pequenos nem grandes, importantes ou secundários. A simplicidade das Paixões destas gentes – ver os campos verdes, vibrar com o crescer das suas plantações e alimentar os seus animais, dá-nos uma lição sobre o Potencial das nossas Paixões. No meio do luto e da perda, continuam a acreditar que rapidamente se podem voltar a reerguer para a Felicidade (e com tão pouco!). E focam-se só em pôr mãos à obra!

As tragédias, com todo o seu pesar, ensinam-nos sempre as melhores lições. A mim reforçaram, uma vez mais, a filosofia de que o Mundo muda com os Weirdos que não têm medo de assumir a sua fé e confiança no que Acreditam e os faz Felizes. E daí tiram a força para renascer das cinzas. Com as Ovelhas Amarelas, que fazem a Diferença no meio dos que apontam o dedo, dos que se alimentam da desgraça alheia e dos que querem “ficar bem na fotografia”, arregaçando as mangas para limpar as cinzas, para limpar as lágrimas e dizer “agora é olhar para a frente”. Com os Sonhadores que projetam uma casa nova, que irão trabalhar a Terra de Sol a Sol até que esta volte a ser verde de esperança.

No meio de todo este manto negro deixado pelo fogo, só a Paixão pelas coisas mais simples e o Sonho de voltar a ver a sua terra como sempre a conheceram, é que pode devolver a força e a alegria de viver para recomeçar.

Texto da Autoria de Diana Vieira Colaboradora do Projeto Sonhadorismo

#KeepDreaming