Tive recentemente a oportunidade de participar como orador, num evento de empreendedorismo e inovação, e impressionou-me a forma como algumas pessoas, profissionais da passagem do conhecimento, de forma algo arrogante e superior se dirigem aqueles que os ouvem, como se estes fossem uma categoria inferior, malandros e acomodados.

Existe hoje uma classe profissional e um mercado que passa o seu tempo a receber informação criada para alimentar esse mesmo mercado, para depois a passarem aos “comuns” mortais.

— Não tomam em conta a realidade e a verdade do quotidiano das organizações e pessoas(….) que realmente se dedicam a construir algo e a debater-se diariamente com o mundo real que esse sim é Fucking Lixado.

Do palco proferem um sem número de estrangeirismos como, Gamification, Problem Solving, Mind Mapping, Design Thinking, como se estas abordagens fossem o santo graal, para a resolução de todos os problemas, com que as organizações e as pessoas que delas fazem parte se debatem no dia a dia.

Não tomam em conta a realidade e a verdade do quotidiano das organizações, e desprezam o valor daqueles que em vez de andarem de formação em formação a receber estes conhecimentos, que mais não são do que aquilo que já existe com outro nome, e em inglês de preferência, realmente se dedicam a construir algo e a debater-se diariamente com o mundo real que esse sim é Fucking Lixado.

Nesse evento, a certa altura, um dos elementos do público decidiu finalmente perante aquele chorrilho de inglezices e insinuações, interromper e perguntar à oradora, se tinha a noção do que era o dia a dia da organização em que trabalhava.

Obviamente que quem falava do pedestal não contava com aquela interpelação e o caldo entornou-se.

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Eu que assistia a tudo com o incómodo de ser o próximo orador, e ter de “pegar” numa audiência a ferver, perguntava-me a mim próprio, se estas pessoas que ganham a vida a falar sobre um punhado de redundâncias, que por serem ditas em Inglês ganham uma nova vida, algum dia produziram ou criaram algo.

— Obviamente que estas abordagens são importantes e obrigam-nos a pensar e eventualmente buscar novos caminhos e rumos…

Algumas vez alguma destas pessoas perante uma turma de 30 alunos de idades, níveis, etnias e realidades diferentes, antes de resolver uma situação de violência eminente parou e disse, “ora bem vamos lá aplicar aqui um bocado de problem solving”, ou se, perante a necessidade de apresentar resultados inalcançáveis propostos por chefias gananciosas disse, ora bem…”aqui calhava bem um design thnking , ou melhor um mind mapping”, ou ainda, se perante o desgaste e o cansaço do ordenado ao fim do mês não chegar para as contas, parou e disse “agora apetecia-me mesmo era um bocadinho de gamification”.

Obviamente que estas abordagens são importantes e obrigam-nos a pensar e eventualmente buscar novos caminhos e rumos, mas se não forem transmitidas com empatia, respeito e consideração pelo outro apetece dizer…. “Já fizeste alguma coisa?… Não?!… Então não fales”!

#KeepDreaming

Texto da Autoria de Rui Loureiro — Mentor do Sonhadorismo