Os génios são pessoas que vivem à frente do seu tempo.

Nikola Tesla foi um deles. Um sérvio nascido no antigo império Austro-Húngaro e que começou os seus estudos na Universidade Tecnológica de Graz. Desistiu, foi trabalhar para Maribor (Eslovénia), recusando-se a voltar a casa. Passou por Budapeste para trabalhar na Budapest Telephone Exchange, mas ao chegar lá, deparou-se que a empresa não era funcional. Em poucos meses tornou a empresa operacional e foi promovido para a posição de Chefe Elétrico.

Graças à sua destreza e domínio das áreas de engenharia, o seu patrão – Tivadar Puskas – conseguiu-lhe um emprego em Paris na Continental Edison Company, do mais famoso inventor do seu tempo, Thomas Edison (que inventou a lâmpada após 10.000 tentativas falhadas). Destacou-se uma vez mais imediatamente, levando a gestão da empresa a colocar-lhe desafios novos na criação de dínamos e motores como também problemas em aparelhos desenvolvidos pela empresa em França e Alemanha, para que ele os pudesse resolver.

Na visita de um oficial da sede americana a Paris, Charles Batchelor decidiu levar com ele o jovem Tesla para Nova Iorque, para trabalhar junto de outros trabalhadores na Edison Machine Works. Conta-se que por várias vezes Tesla se cruzou com Edison e que este sempre desprezou os seus protótipos acusando-o de ser um utópico. Contudo, a Tesla foi delegado o projeto de desenvolver candeeiros urbanos em arco, mas o problema é que o sistema exigia altas voltagens, o que a eletricidade de Edison não conseguia providenciar e isso fazia-o perder inúmeros contratos com cidades que desejavam ter eletricidade nas ruas.

Nenhum dos seus projetos foi aprovado na companhia de Edison e volvidos 6 meses Tesla despediu-se por ter a noção que o sistema utilizado por Edison era obsoleto e muito pouco poderoso, sendo preciso maior potência e rapidez (e menos custos) para conseguir chegar a eletricidade a mais partes das cidades. Edison acreditava que a corrente direta (CD) era o mais eficaz dos métodos mas Tesla acreditava que o melhor era a Corrente Alternativa. A segunda permitia usar um transformador que aumentava a voltagem para longas distâncias e baixava os custos nos mercados que Edison tinha controlo. A “Guerra das Correntes” intensificou-se ainda mais, tendo já começado com Edison vs Westinghouse.

O final de vida de Tesla não foi indigno como o de tantos outros que não foram reconhecidos no seu tempo. A verdade é que se hoje podemos ter um candeeiro na mesinha de cabeceira que seja alimentado por energia elétrica em vez de óleo ou azeite, a Tesla o devemos; ou então passear com segurança numa rua à noite. O que não deixa de ser um facto é a importância e o vanguardismo que este senhor trouxe com ele ao mundo. Alguns sugerem que até coisas que só neste momento estão a ser inventados ou a chegar a público, por ele já tinham sido idealizadas e tiradas do papel – o exemplo da bateria “wireless” é uma delas.

Tesla foi um sérvio que venceu sempre por onde passou porque a sua imaginação e capacidade de vislumbrar o que ainda não existia foi maior do que a sua capacidade de ver o que já existia. Soube sempre quando dar um (aparente) passo atrás – não acabou a universidade e despediu-se da empresa do “maior inventor de sempre”, que detinha o maior nº de patentes da época. Hoje alguns mais já o conhecem, mas nunca é demais lembrar o homem e a (sua) obra.

“Não é o génio que está 100 anos à frente, é a sociedade que está 100 anos atrás.”

Artigo da Autoria de Diogo Rodeiro, Gestor de Conteúdos do Projeto Sonhadorismo