Esta semana fui assistir a Samba, um filme Francês que mistura uma improvável história de amor com a dimensão humana da imigração ilegal.
Uma das personagens que compõe o par romântico principal, retrata uma mulher a recuperar de um “burnout” seguido de depressão, provocado por um trabalho “escravo” numa multinacional, desprovido de quaisquer valores de humanização. Após uma longa travessia no deserto e depois de encontrar algum sentido para a vida, o amor, a personagem é confrontada com o dilema de ter de voltar para o seu antigo emprego, regressando ao lugar que quase lhe retirara a vontade de viver. Eu não quis acreditar que tratando-se de um filme tal decisão fosse possível……. não será suposto o grande ecrã dar-nos a ilusão apenas que efémera, de que tudo na vida é possível?! Fiquei a pensar de quantas pessoas infelizes nos seus empregos, mesmo que bem pagos,  se debatem diariamente com o dilema de seguir a sua intuição (leia-se quebrar o ciclo de vida que o faz infeliz) ou sucumbir à razão (leia-se aceitar a fatalidade de viver uma vida menos preenchida, em troca de uma aparente segurança que lhe permite sustentar uma vida a maior parte das vezes imposta). A intuição é algo que a sociedade desde cedo nos ensina a relativizar a favor da razão. Somos ensinados e programados a pensar com a cabeça e não com o coração. A seguir os programas que alguém definiu como convencionais, que serve um modelo gasto, desumano, frio, materialista.
Aqueles que muitas das vezes, empurrados por circunstâncias da vida ousam arriscar e desafiar a ordem “natural” das coisas, agarrando o destino e a sua vida com as próprias mãos, rapidamente se apercebem de que a vida na sua incerteza e imprevisibilidade, premeia sempre aqueles que aceitando as suas vulnerabilidades, arriscam seguir o seu coração e intuição.