Tenho ao longo dos anos assistido ao percurso de vida de vários amigos, que a dada altura pareceram perdidos. Recordo-me de há uns anos atrás, apesar de algo me dizer que a sua situação tinha uma razão de ser e que esta escondia algo mais do que uma simples alienação, eu de alguma forma, nutria um sentimento de pena pela situação em que se encontravam.
Os anos foram passando e fui-me apercebendo que esses meus amigos, que a dada altura pareceram, perdidos, alienados, sem futuro, de repente tinham encontrado algo em que podiam aplicar todo o seu potencial. Desse momento em diante as suas vidas pareciam ter entrado num acelerador e todo o tempo “perdido” era rapidamente ganho. De repente revelavam-se pessoas criativas, produtivas, talentosas, reconhecidas e ….. felizes!
Olhando para trás, apercebo-me que era a sociedade que os fazia sentir perdidos, por ainda não terem agarrado o primeiro pedaço de madeira que avistaram, quando como todos nós, no início da nossa vida ativa, se sentiram à deriva.
O medo que nos é imposto pela incerteza do futuro e pela urgência de conseguirmos algo que ao olhos dos que nos rodeiam, confira algum sentido à nossa vida (mesmo que não seja o nosso), faz com que os corajosos que arriscam em esperar pelo “seu” pedaço de madeira, sejam vistos e rotulados como perdidos. Aqueles que asfixiados pelo medo do incerto agarraram o primeiro destroço, precisam de rotular dessa forma aqueles que questionam o status quo e ousam arriscar pela felicidade.
Ainda hoje, frequentemente, encontro amigos e conhecidos, supostamente com vidas e percursos profissionais, pessoais e familiares altamente respeitáveis, a dizer: “eh pá vi o fulano x ou y ….. está todo queimado!” ….. ou …. “ tens visto o fulano z? Estive com ele no outro dia…o gajo tá perdido..” Invariavelmente sim… estive com o fulano x, y ou z e não me pareceram queimados ou perdidos. Eventualmente abdicaram de contrair um empréstimo para ter um carro ou uma casa, vivem aparentemente com mais dificuldades, ou de forma menos convencional. “Sacrifícios” que estão dispostos a pagar por viverem vidas mais conectadas com as suas paixões e serem simplesmente ….. mais felizes!
Artigo da Autoria de Rui Loureiro – Mentor do Projeto Sonhadorismo
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