Numa semana em que o destaque vai (uma vez mais) para o recentemente empossado presidente dos EUA Donald Trump, existe outra pessoa que volta a estar na “ribalta”.
O nome dessa pessoa é Hannah Arendt, e devido à posição atual na qual os EUA se encontram, uma obra que esta autora alemã lançou em 1951 tornou-se, a par de 1984 de George Orwell, best-seller a nível mundial, quer nas livrarias quer na Amazon, levando inúmeras editoras a imprimir centenas de novos exemplares.
Antes de emigrar para os EUA, em 1933 Arendt abandonou o seu trabalho académico para trabalhar na caridade, assegurando passagens para a Palestina, de jovens e crianças judias.
“As origens do Totalitarismo” é uma obra em que a alemã denuncia como é que na Europa da década de 30 houve um aparecimento tão fulgurante de tantos regimes políticos deste género. E o que são estes regimes? Estes caracterizam-se por uma total usurpação da liberdade individual dos cidadãos do país e todos os poderes estão concentrados num só homem (ou num pequeno grupo de homens) e os exemplos mais icónicos nessa distante Europa são Adolf Hitler (Alemanha) e Benito Mussolini (Itália).
O conceito mais notável que a teórica política (sempre rejeitou o termo “filósofa”) nos trouxe para o mundo é o da “banalização do Mal”, algo que foi levado a cabo e que levou à crença de que por exemplo, matar Judeus ou achar que a nossa raça é superior que outras era algo normal. A “limpeza mental” com que estes líderes (e outros, como Estaline) submeteram os seus cidadãos levou a que muitas (MUITAS) atrocidades tivessem sido cometidas, sobretudo de 1939 a 1945, mas sem nunca esquecer a “noite dos Cristais” por exemplo.
A autora alertou-nos para o que é que levou a surgimento de tantos movimentos deste género e a questão é que a balança do mundo está novamente a pender para esse lado. O facto de os países ignorarem dentro de si muitos setores da sua sociedade, leva a que estas fiquem insatisfeitas e irritadas com o estado das coisas (o tão-conhecido status-quo).
Estes dois últimos parágrafos fizeram-me pensar: será que a “banalização do Mal” não está não só a voltar como assumiu outros contornos? O salário-mínimo é regra, a precariedade dos empregos é hábito, o espaço como também tempo para sonhar tornou-se escasso. O que contribui grandemente para que esta parcela das sociedades (os sonhadores), os reais promotores de mudança se sintam, lá está, ignorados, insatisfeitos e irritados.
Será que existe outra escolha senão ficar assim revoltado? E se nos permitissem banalizar o Bem?
Que feliz seria Hannah Arendt, e que feliz seriam tantas pessoas de tantas comunidades espalhadas por este mar de gente que o nosso mundo comporta. Ela deu o aviso, mas uma vez mais parece que está a ser ignorado…
Artigo da Autoria de Diogo Rodeiro, Gestor de Conteúdos do sonhadorismo







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