Em Setembro passado ficámos a saber que mais de metade dos 49.806 alunos que entraram num curso do ensino superior fizeram-no na sua primeira escolha.

Ao ouvir esta notícia, automaticamente ocorreu-me o pensamento…

“quantas destas primeiras escolhas serão simultaneamente paixões?”

Ou seja, que correlação haverá entre as primeiras escolas e escolhas feitas por paixão e interesse genuíno por uma área de estudo e saber ?

Apesar de não defender que tenhamos ou devamos transformar os nossos hobbies e paixões em profissões (longe disso), acredito que devemos estudar áreas que nos apaixonam, pois apreenderemos sempre mais e melhor quanto mais nos apaixonarem e entusiasmarem essas áreas.

Infelizmente desde muito cedo somos (ainda) educados a colocar em compartimentos estanques as nossas paixões e a nossa formação.

Na nossa sociedade antecipa-se e condiciona-se demasiado o futuro dos nossos jovens e crianças. Aos 15 / 16 anos já lhes tentamos condicionar as escolhas sobre um curso e um emprego futuro, não respeitando os interesses e paixões da criança / jovem no momento da escolha. Não se considera igualmente que a vida é feita de diversos ciclos e que o Ser Humano está em permanente construção e desenvolvimento, pelo que aquilo que não nos entusiasma ao 15 pode vir a ser uma paixão aos 30.

No contacto com os meus alunos, quando tento perceber o porquê de pensarem seguir uma ou outra área, frequentemente ouço “porque é um curso com saída”. O mesmo ouço de Pais de Mães defendendo que os filhos devem seguir uma determinada área porque tem saída.  Há pouco tempo vi uma publicidade de uma Escola de Saúde Privada que dizia … “Procuras um Emprego Com Saída ?!”

Ou seja temos gerações e gerações de jovens a formarem-se em áreas escolhidas não por paixão mas sim por terem saídas profissionais mais garantidas.

Num mundo tão volátil onde em menos de 10 anos tanta coisa muda, é um risco condicionar o futuro dos nossos filhos por uma ideia de empregabilidade.

Permitindo-lhes escolhas baseadas nas suas paixões, estaremos a garantir que nas diversas fases do seu crescimento operam sempre no seu máximo potencial seja na aprendizagem ou no desempenho de tarefas, construindo-se como seres humanos felizes, motivados e sobretudo únicos.

Não duvidem que a unicidade e a diferença, são hoje e serão ainda mais  no futuro, a maior garantia de sucesso!

#KeepDreaming

Texto da Autoria de Rui Loureiro Mentor do Sonhadorismo