Num dos raros momentos durante a semana, no qual tive a oportunidade de em horário “nobre” ter a sala de estar só para mim , aproveitei para dedicar algum tempo ao “guilty pleasure” do Zapping.
Apesar da pouca esperança em encontrar um conteúdo capaz de me agarrar a atenção, fui surpreendido pelo programa “Outras Histórias” da RTP, o mesmo que em 2021 dedicou um episódio ao Sonhadorismo.
Por acaso, ou talvez não, porque isto dos acasos tem muito que se lhe diga, o programa era sobre um projeto educativo, os Filhos de Lumiére. Um projeto dinamizado por uma associação cultural, vocacionada para a sensibilização dos jovens (sobretudo os mais desfavorecidos) para o cinema enquanto forma de expressão artística.
Neste projeto professores e alunos são convidados a explorar a sua criatividade nas mais diversas áreas do cinema, colaborando na realização e produção de filmes.
Para além do ambiente puramente colaborativo entre alunos e professores, o que mais me impressionou foi a quantidade de vezes que cada jovem quando desafiado a falar sobre a forma como tinha encontrado a sua paixão pelo cinema , disse “Por acaso …. “
Todos tinham chegado à sua paixão por acaso, sorte, acidente.
Bastaria frequentarem a escola do lado, e provavelmente nunca teriam conhecido algo que mudará as suas vidas, que os tornará em histórias de vida com propósito. No fundo, pessoas felizes e realizadas, tão em falta na nossa sociedade.
Continuo desde 2014, ano em que decidi iniciar esta viagem do Sonhadorismo, a questionar-me como é possível aceitarmos enquanto sociedade que os nossos governantes gastem tantos milhões na forma (ta) ção dos nossos jovens em empreendedores (leia-se empresários), investindo num plano que chega já imagine-se ao ensino pré-escolar, e não conseguimos reivindicar que se permita aos nossos jovens oportunidades de explorar o seu máximo potencial, construindo-se em torno daquilo que de mais importante existe, as suas paixões e interesses.
O projeto Filhos de Lumiére é um verdadeiro Oásis num gigantesco deserto!
Enquanto não formos capazes de nos libertar dos medos e inseguranças incutidas por uma narrativa economicista, a capacidade dos nossos jovens, aqueles sobre quem depende o futuro da nossa existência, operarem no seu máximo potencial interior estará sempre à distância de … um acaso .
Texto da Autoria de Rui Loureiro Mentor do Projeto Sonhadorismo
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