1. Quem é a Inês ?

R: Portuguesa de 26 anos, filha de dois geógrafos, tive a feliz oportunidade de viajar desde muito cedo. O destino era diferente todos os verões e sempre longe dos pacotes 1 dia de cidade + 7 dias estendidos numa espreguiçadeira de um resort à beira mar. Alugámos jipes para atravessar o nordeste brasileiro, acampámos em parques naturais nos Estados Unidos, atravessámos Cuba, perdemo-nos à noite e fomos parar ao maior paraíso na Terra. Por causa do tipo de viagem que os meus pais me proporcionaram, onde víamos muito mais do que um chapéu de sol, constatei também as desigualdades sociais brutais que, infelizmente, continuam bem vincadas em todo o Mundo. Desde cedo percebi que queria fazer algo que envolvesse viajar e desenvolvimento comunitário – estudei, tornei-me assistente social e, desde aí, tenho tentado aproveitar todas as pequenas e grandes oportunidades que a vida me traz – e que eu trago para a minha vida.

  1. Como surgiu este sonho / projecto de ajudar e incentivar os outros a participarem em projetos de voluntariado?

R: Desde sempre que gosto de viajar e fazer voluntariado. Quando ainda não tinha 18 anos, pedia imenso aos meus pais para fazer voluntariado no estrangeiro e, infelizmente, só encontrava oportunidades em agências americanas/inglesas que cobravam preços altíssimos por estes programas. Nunca deixei de pesquisar e, ao longo do tempo, fui encontrando imensas oportunidades de voluntariado, work exchange e trabalhos temporários por todo o Mundo. Arrisquei, experimentei, partilhei: Fiz o meu estágio curricular num centro comunitário de uma das maiores favelas do Brasil; fiz work exchange numa pousada no Rio de Janeiro e num hotel em Zanzibar, Tanzânia; Coordenei centenas de voluntários em projectos sociais nas favelas; fiz parte de um programa europeu com refugiados menores africanos… A partir daí, sempre incentivei os meus amigos e familiares a fazerem o mesmo.

Há cerca de 4 meses, quando estava em Itália a trabalhar com refugiados, lembrei-me de formalizar a ajuda que desde sempre tentei dar: criando assim o maior site em Português com oportunidades de voluntariado, work exchange e trabalhos temporários em todo o Mundo. Pedi ajuda a dois amigos para me ajudarem com a parte de webdesigning e design gráfico, contactei centenas de organizações e assim apareceu o “Para Onde?”.

  1. O que mudou na tua vida desde que te dedicaste a este projecto?

R: Sou assistente social a tempo inteiro, por isso este projecto é (por enquanto) o meu passatempo de tempos-livres (que são poucos!). Apesar disto, tem sido uma enorme felicidade receber contactos, sugestões, elogios vindos de Portugal e Brasil inteiros. E saber que realmente dezenas de pessoas já partiram para uma experiência de voluntariado internacional depois de terem tido conhecimento do Para Onde, enche-me realmente o coração.

  1. Qual a importância dos teus Pais na decisão de avançar para este projeto?

R: Os meus pais formaram, sem dúvida, em mim uma enorme sede de conhecer e mudar o Mundo. Para além disso, sempre me apoiaram em todas as minhas ideias que de início podem parecer loucas. Sempre me disseram que têm orgulho. Estas condições são realmente um empurrão essencial para tudo o que tenho feito. Apesar disso, é necessário ser-se independente, pro-activa e, de alguma forma, corajosa. E essas características são as que eu tento sempre desenvolver em mim.

  1. O que dirias a um jovem que deseja iniciar um projeto mas que o adia por não ter certezas de que o mesmo possa ter sucesso, ou que supostamente impeça de se concentrar e evoluir numa carreira dita normal?

R: “Quem não arrisca, não petisca”. Como já referi, sempre tive o apoio moral da minha família e amigos e isso talvez tenha ajudado bastante. Apesar disso, fui eu que tomei todas as decisões e avancei com projetos sozinha. Não faz sentido adiar a felicidade. O “estável” nem sempre é bom. A carreira, o ordenado, os dias de férias em Agosto nem sempre trazem entusiasmo pela vida. Se um projeto pessoal é mesmo aquilo que nos aquece o coração e a alma, então devemos avançar. Eu fi-lo e sempre fui feliz!

  1. Quais as tuas maiores fontes de inspiração?

R: A directora do centro comunitário onde trabalhei numa favela do Rio de Janeiro. Apesar de ela própria não ter quaisquer condições básicas para viver, dedica todos os seus dias a acolher, formar e amar mais de 200 crianças e jovens em risco.

  1. Até ao momento qual a pessoa mais inspiradora que tiveste a oportunidade de conhecer através do teu projeto?

R: Foram muitas. Desde pessoas que estão a viajar há 2 anos a fazer voluntariado pelo Mundo a viúvas de 75 anos que dizem que ainda vão a tempo de ter uma experiência destas.

  1. Qual o Teu maior motivo de orgulho?

R: Tê-lo feito sozinha e nos meus raros tempos livres! Com muito esforço e dedicação, fui capaz.

  1. Como financias o teu projecto?

R: O meu projeto não tem qualquer despesa, por enquanto.

  1. Se pudesses gritar alguma coisa para o mundo seria?

R: Que se importem e lutem pelo que realmente interessa. Muitas pessoas têm tendência para se chatear, confrontar, até matar, por disputas políticas, futebolísticas, financeiras, religiosas… Se todos nós juntássemos as nossas energias e esforços para um bem comum, tudo seria diferente (e melhor).

  1. Qual o próximo sonho da Inês?

R: O meu sonho é tornar-me nómada digital: trabalhar online no site e ir viajando e fazendo voluntariado ao mesmo tempo por vários países. Seria realmente fantástico poder ter este estilo de vida enquanto incentivo muitos outros a fazer o mesmo. Para além disso, gostaria de estender o apoio individual a muitas mais pessoas e, quem sabe, criar parcerias com universidades e outras entidades para organizar programas de voluntariado de grupo.