HΓ‘ poucos dias fui surpreendido por uma reportagem da SIC, sobre pessoas que vivem em tendas em Lisboa. Mais precisamente junto Γ praia de Carcavelos, na Quinta dos Ingleses numa zona de floresta, paredes meias com urbanizaΓ§Γ΅es, colΓ©gios privados e uma das mais exclusivas faculdades do PaΓs a Nova Business School.
Inicialmente o tema nΓ£o me suscitou de grande espanto. Volta e meia aparecem estas reportagens de pessoas que por infortΓΊnios da vida resvalam para situaΓ§Γ΅es de marginalidade e acabam a viver na rua.
A minha estupefaΓ§Γ£o deu-se quando me apercebi que aquelas pessoas sΓ£o pessoas com empregos. Pessoas que trabalham 8hrs (ou mais) diΓ‘rias e nΓ£o conseguem encontrar forma de pagar uma casa.
Enquanto pensava no quΓ£o triste Γ© haver um estado que legaliza ordenados que nΓ£o garantem Γ‘s pessoas um teto , surpreendeu-me a dignidade com que aquelas pessoas falavam da sua situaΓ§Γ£o e mostravam o interior das suas tendas. NΓ£o se vislumbrava no rosto daquela gente, amargura, tristeza ou revolta. Antes um sentimento de orgulho e liberdade, por porventura terem encontrado uma forma de vida que lhes permite sentirem-se menos escravos do trabalho e nΓ£o sentirem o final do mΓͺs como uma guilhotina a beijar-lhes o pescoΓ§o.
Longe de mim romantizar a ideia de se viver numa tenda, ou de alguma forma aceitar que isto seja uma forma de vida digna, mas provavelmente agora o dinheiro jΓ‘ estica atΓ© ao final do mΓͺs, permitindo-se a pequenos βluxosβ como um lanche numa pastelaria, um gelado ao fim de semana , um almoΓ§o em famΓlia, ou uma ida ao cinema.
Pelo menos o meu lado Sonhador quer acreditar que seja assim β¦.
Texto da Autoria de Rui Loureiro, Mentor do Sonhadorismo
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