Eu acredito que TODOS nós sem exceção, temos um propósito de vida que nos fará viver uma vida com propósito. Ou seja, todos nós estamos destinados a desenvolver algo que esteja intrinsecamente relacionado com os nossos interesses e paixões. Não tem necessariamente de ser algo a ver com mudar o mundo ou grande altruísmo. Tem sim a ver com o sentirmo-nos realizados e preenchidos com as nossas acções.

Mas para que consigamos viver uma vida com significado, temos desde cedo descobrir e conectar com essas paixões e interesses. Infelizmente somos durante o nosso crescimento, muito pouco expostos a estímulos que nos proporcionem desenvolver o nosso potencial interior. Não desenvolvendo esse potencial, chegamos à fase adulta da nossa vida, e muitas vezes experienciamos uma sensação de vazio e de quase injustificada infelicidade, mesmo quando não nos falta nada. Ora bem… falta-nos precisamente tudo! Falta-nos a nossa essência, aquilo que realmente é importante para nós. Falta-nos um propósito de vida que nos leve a viver uma vida com propósito.

No entanto aqui e ali (mais ali do que aqui), há pessoas que rompem com esse Padrão e ousam conectar-se com as suas paixões, desenvolvendo a sua vida em torno delas, criando um impacto positivo ao seu redor, quanto mais não seja pelo e exemplo e inspiração que representam para todos. Um desses casos é o Eric Gamez. Conheci o Eric e a sua namorada Ira em 2008 nas Filipinas, enquanto viajava sozinho um par de meses pelo Pacífico, após uma longa estadia na Austrália.

O Eric é um reconhecido bodyboarder, amigo de um grande amigo meu Australiano. Aproveitando-me dessa conexão e tendo sido informado pelo Simon de que o Eric estaria de partida para as Ilhas Cook, exatamente o meu próximo destino, decidi aproximar-me dele. O Eric mostrou-se muito reservado e para meu espanto, disse-me que iria para a ilha de Samoa. A esperança de ter companhia nos próximos tempos num destino que desconhecia totalmente, estava arruinada. Esta divergência de planos e a forma reservada de ser do Eric, esfriou a nossa recente amizade tendo até ao final da nossa estadia nas Filipinas nunca evoluído para além do bom dia ou boa tarde.

Chegado ás Ilhas Cook e após a minha viagem até ao hostel, a bordo da carrinha mais velha e destruída na qual alguma vez andei, a primeira surpresa foi verificar que afinal o Eric e a sua namorada estavam mesmo nas Ilhas Cook e hospedados no mesmo sítio que eu!!!

Vencida a sensação de engano e rejeição, deixei a situação fluir não forçando o contacto. O Eric ao fim de pouco tempo veio ter comigo e com um sorriso meio envergonhado, pediu-me desculpa pelo sucedido. Explicou-me o porquê daquele seu acto, que estava relacionado com o seu objetivo e propósito de vida! O Eric e a sua namorada procuravam um local neste planeta que estivesse ainda completamente fora do radar e onde pudessem viver e criar os filhos que planeavam ter, de uma forma sustentável e em contacto total com a natureza, surfando ondas perfeitas em mar turquesa. Tinham encontrado esse lugar nas Ilhas Cook há cerca de uma ano atrás e tentavam-nos protegê-lo de uma possível invasão de turistas, quais corsários em busca do tesouro perdido. O facto de eu ali estar, de ter tido a coragem e a perseverança de me arriscar numa viagem a um destino tão longínquo e pouco conhecido, fez de mim alguém por quem o Eric sentia igualmente admiração e estima. Assim durante os 14 dias que estive na sua companhia, o Eric guiou-me pela ilha, mostrou-me o bom e o mau, levou-me a surfar ondas que até então só tinha visto em filmes, mas acima de tudo partilhou comigo os seus planos. Nesse momento eram apenas planos, que se afiguravam difíceis de concretizar.

Qualquer pessoa a quem o Eric se dirigisse no intuito de encontrar algumas pistas de como poder garantir um visto de residência nas Ilhas Cook, o desencorajava a tal. Era preciso ter um negócio em parceria com um nativo, que por sua vez não eram as pessoas mais confiáveis e que rapidamente o iriam “roubar” ou levar à falência. Mas o propósito de vida do Eric e da sua namorada era inabalável e enquanto não descobriam forma de aceder ao seu tesouro, mantinham-se calmos e serenos, vivendo uma vida sem pressas, surfando, pescando, plantando alguns vegetais na horta comunitária do hostel, construindo calmamente o propósito da sua vida.

Findo os meus 14 dias, despedi-me deles com a certeza de que seriam bem sucedidos. Hoje o Eric e a Ira criam os seus gémeos no cenário mais idílico que se possa imaginar, dedicando-se a receber convidados que desejam por algum tempo surfar preciosas ondas de cristal, vivendo tal e qual como imaginavam. De forma sustentável, sem pressas, sendo ainda uma inspiração e referência para todos aqueles que buscam a sustentabilidade também na forma como se alimentam.

O Eric e a Ira são o exemplo vivo de que quando se realmente quer e estamos dispostos a quebrar barreiras e padrões, é possível encontrar-se um propósito de vida e viver-se vidas com propósito, como esta que o vídeo mostra!

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Publicado por Eric Boog House em Terça-feira, 30 de Outubro de 2018

 

Até lá … #KeepDreaming!

Artigo da Autoria de Rui Loureiro, Mentor do Projeto Sonhadorismo